Desde sua ascensão em 2017, Marine Serre tornou-se um dos nomes mais comentados da moda sustentável. Seu símbolo da lua crescente transcendeu o mero branding para representar uma visão radical do que a moda ecológica e futurista pode ser. Combinando upcycling com elementos de sportswear e uma estética pós-apocalíptica, Serre construiu uma marca que ressoa tanto com a alta costura quanto com a cultura jovem global. Suas coleções não falam apenas de estilo, mas de urgência — de repensar como e por que usamos o que usamos.
Em 2017, Marine Serre venceu o prestigioso Prêmio LVMH para Jovens Estilistas, lançando-a ao destaque global. Com apenas 25 anos, ela chamou atenção não só pela juventude, mas pela abordagem ousada ao papel da moda em um mundo em crise climática. O prêmio, julgado por ícones da indústria como Karl Lagerfeld e Nicolas Ghesquière, reconheceu sua fusão única entre técnica de alta costura e sustentabilidade.
O que a diferenciou dos demais foi não apenas a estética, mas a ideologia. Serre via a moda como um meio de transformação — não apenas visual, mas de valores. Suas coleções sempre incorporaram materiais reaproveitados, desde sedas vintage a plásticos reciclados, cada peça costurada com propósito.
Enquanto a indústria aplaudia sua habilidade técnica, começou também a entender sua missão maior: oferecer um modelo de futuro ético na moda. Sua vitória no LVMH foi mais do que uma conquista pessoal; marcou o momento em que a moda ecológica entrou de vez na alta costura.
As coleções de Serre são estudos de contrastes — atléticas, mas elegantes; distópicas, mas esperançosas. Suas peças frequentemente misturam silhuetas esportivas com camadas surrealistas, máscaras de gás e acessórios metálicos. Essa combinação sugere um futuro moldado por colapso ambiental e intervenção tecnológica, mas onde a expressão e identidade humanas ainda resistem.
Essencial em sua visão é o reaproveitamento de materiais. Cada coleção costuma ter entre 40% e 50% de tecidos reciclados, obtidos através de uma curadoria rigorosa. O ateliê de Serre reaproveita tudo, desde lençóis até câmaras de bicicleta, transformando-os em jaquetas, vestidos e calças. A complexidade artesanal garante que cada peça seja única.
Essa filosofia de sustentabilidade conquistou as gerações Z e Millennial, que exigem cada vez mais transparência e responsabilidade ecológica das marcas. Serre oferece tudo isso sem comprometer a inovação estética.
Como muitos estilistas, Marine Serre foi profundamente impactada pela pandemia de COVID-19. Em vez de recuar, ela incorporou a ansiedade do período às suas coleções. As linhas FW20 e SS21 apresentaram peças que refletiam tensão social — capuzes protetores, macacões estruturados e roupas sobrepostas para sobrevivência, não apenas estilo.
Máscaras faciais, inicialmente uma necessidade, tornaram-se itens de moda em suas mãos, simbolizando precaução e força. Era uma reflexão sobre como a moda poderia atender à função e à emoção em tempos de crise.
A pandemia também impulsionou uma mudança em sua abordagem de marketing. Serre passou a produzir curtas-metragens artísticos no lugar de desfiles tradicionais, misturando documentário, fantasia e crítica social. Esses filmes mostravam a vida de pessoas reais vestindo suas roupas — mães, atletas, agricultores — reforçando que a sustentabilidade é uma prática vivida.
Com as restrições impedindo os desfiles físicos, Serre adotou o storytelling multimídia. Suas apresentações digitais combinavam visuais cinematográficos com temas como ansiedade climática, autonomia corporal e identidade. Isso ampliou seu alcance global.
Esses vídeos foram elogiados pela autenticidade, frequentemente com pessoas comuns em seus próprios lares. Uma campanha destacou famílias diversas usando catsuits com a lua crescente e vestidos de retalhos. O resultado foi um retrato profundamente humano da alta moda.
Com essas estratégias, Serre transmitiu a essência de sua marca para públicos diversos. Ao redefinir a mídia de moda, ela criou formas de engajamento além da elite da primeira fila, acessíveis a todos.
O símbolo da lua crescente — visto pela primeira vez em tops e macacões justos — tornou-se sua assinatura. De elemento gráfico, evoluiu para emblema de consciência ecológica e rebeldia estética. Usado como segunda pele, destaca as formas humanas e evoca os ciclos lunares e a natureza.
O reconhecimento global veio quando celebridades adotaram a marca. Beyoncé usou um look Marine Serre no filme Black Is King (2020), e Rihanna apareceu diversas vezes com peças da estilista. Esses apoios ajudaram a popularizar a marca para além dos nichos.
O mais notável é que Serre nunca comprometeu seus valores. Cada colaboração com famosos mantém mensagens claras sobre responsabilidade climática, equidade social e design circular. Em um setor guiado por modismos, Serre usou a fama como meio de mudança.
Hoje, a lua crescente aparece não apenas em roupas, mas em videoclipes, exposições e até tatuagens — um sinal de seu impacto cultural. Tornou-se metáfora visual para transformação e resistência, especialmente entre os jovens que procuram propósito ao consumir.
Críticos de moda observam que as peças de Serre não são apenas usáveis, mas filosóficas. Suas roupas contam histórias — de trabalho, de luta climática, de futuros alternativos. Elas misturam arte, ativismo e estilo.
Em fevereiro de 2025, Marine Serre não é apenas estilista, mas referência em inovação sustentável. Sua lua crescente representa mais que uma marca — é símbolo de uma nova fase na moda consciente.